sábado, 23 de outubro de 2010

Relatos. Parte II

Vergil.

Vergil.
Frio, calado e calculista. Vergil é um diminutivo de Vergílio.
Sou a pior parte de todo o ser humano, por isso assusto. Sou um reflexo de sua pior parte. Seu pior pesadelo.
Sou aquele que nas sombras te observo. Sou o que espera um deslize para uma fatalidade. Sou um anjo da morte, ou quem sabe, a morte em si.
Sou alimentado pelos sentimentos mais vívidos de hoje em dia. Raiva, ódio, tristeza, dor. Sou os sentimentos que mais foge, renega.
E quanto mais renega, mais forte fico.
Sou nada mais que um ser que tirou sua própria alma. Sou aquele que não quer mais sentir, sentir para se decepcionar.
E ainda assim, sinto mais que todos. Sinto mais que aquele que chora ou ri. Sinto mais que aquele que se senta, seguro de si. Seguro que nada fez mal na vida, e vive em ilusão.
Sou despido de amor, mas, ainda assim, sou os olhos do mesmo.
Sou os olhos que tu abdicas em um sentimento cegante. Uma crença inabalável.
Sou a razão por trás do amor. Ou que tu chamas de amor. Paixonite criança.
Sou algo a mais, por até mesmo ser o Nada. Sou o que tu és, mas principalmente, o que deixas de ser.
E por isso, tens medo.
Não tens medo só de mim, mas tens medo de como te conheço.
E como te ataco. Oh, e como o faço.
Impugnei-te em tudo o que falhaste, em tudo o que deixaste para trás, em todos os corações que deixaste uma tristeza.
Sou a Morte.
Sou o frio que se sente antes de morrer, sou o ultimo olhar, o ultimo suspiro de tua tão útil vida.
Aquele que te vai deixar morrer, sem uma segunda chance de se resolver com todos.
E, arrependido, morrerás. Morrerás pensando em nada, em mim, em tudo.
Teus olhos fecharão e bruscamente, acordarás de tua cama, suado e mal.
Mal por não ter feito nada na tua vida. Irás até pensar em fazer algo, após isto. Mas ainda assim, nada farás. Vais te esquecer e padecer à tua própria vida.
E estarei ali, no chão. Quando o calor da luz cravar em tua pele, me criará.
Sou o sinônimo de Tudo. O Nada.
Minha vida é feita não de ilusões, mas sim, muita realidade.
Muita vivência, muita experiência do que o mundo é e já foi.
Sinto o que ninguém quer sentir. Sinto toda a minha linha humana cursando por minhas veias, sinto o fluir do teu sangue, e portanto tuas decisões. Sei como falar, como me colocar, como esquivar.
Me sinto como se todos fossem parte de mim, em suas alegrias ou tristezas.
Mas não se engane. Minha máscara fria e lúgubre é o que encontrará se tentar comprovar que tenho um pedaço humano em mim.
Se me encontrar.
Talvez em passe por ti e sussurre algo inaudível.
Não tente olhar para trás, terei desaparecido a essa hora.
Mas minha voz ecoara em tua mente e vais ficar pensando...Pensando se és mais, ou menos frio que eu.
E te digo. És tu.
Em todas as tuas decisões, em todas as tuas palavras cuspidas...Eu sinto mais que tu.
Mas não te preocupes. No final, vais te julgar e pagar por tudo que fizeste ou deixaste de fazer.
Amaste ou deixaste de amar.
Viveste...Ou deixaste de viver.
Sou um anjo...Anjo da Morte.

Ass:
Vergil.

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

Relatos. Parte I

Dante.


Dante.
Significado ao pé da letra, permanente, duradouro.
Sou...Eu.
Nada mais nada menos que um ser humano, 1,98/2,00 metros de altura, porte físico atlético mas ainda assim, sedentário.
Engraçado, não é?Um atlético sedentário. Acho que veio dos genes da familia.
Anyways, sou eu.
Sou orfão, nunca soube de onde vim, mas também, nunca liguei muito para isso. Não sou muito ligado ao passado, já que meu irmão faz isso por nós dois.
Sim, tenho um irmão.
Ele é tudo o que não sou. E tudo o que espero não ser.
Mas...Ele é bom, sei que é.
Tenho uma parcial culpa na questão. Ou uma toda.
Sabe, como orfãos, não tinhamos lugar para ir...Não tinhamos um lar ou até mesmo um lugar, a não ser o orfanato.
Orfanato...Só de me lembrar dá calafrios.
Mas...Eu e meu irmão já fomos, outrora, bastante unidos. Um não respirava sem o outro. Pensavamos iguais, eu conseguia sentir o que ele sentia. Eramos gêmeos, então quase ninguém nos distinguia, até mesmo pela maneira de ser. Eramos um perfeito reflexo um do outro.
Um dia, meu irmão sugeriu nós fugirmos. Fugirmos o mais longe que pudessemos, afinal, enquanto estivessemos juntos, tudo estaria bem.
E na mesma noite, fizemos jus a isso. E corremos.
Era lua nova. O céu estava nublado com pesadas nuvens pretas e logo começou a chover. Forte.
Tão forte que mal podia ouvir a sirene que tocava ao fundo, indicando que haviamos fugido. Pensando bem, aquilo mais parecia uma prisão. Os guardas com os pastores alemães, armas...Armas para um orfanato?
Não sei. O que sei é que ouvi meu irmão, gritando.

- Corre Dante, Corre! Não olhes para trás, corre.


E realmente o fiz. Até chegarmos a uma cerca. Por sorte estava cortada e eu consegui passar.
E ao ver minha liberdade pulsando, corri o mais rápido que pude, sem olhar para trás.
Sem olhar para..trás...
A unica coisa, o unico arrependimento meu.
Não ter olhado para trás. Não ter pensado no passado.
E ouvi um vulto. Um grito entre sirenes e chuva, um grito de mim, na minha cabeça.

- DANTE!


E...Me vi sozinho. Na chuva constante e fria. Olhando sem poder fazer nada meu irmão deixado para trás, sendo absorvido por dois guardas de capa negra, mais negra do que a noite em si.
E o engoliram, para dentro daquela prisão...Porque ele tinha de ficar preso na cerca? Porque não eu?
E acordo. Acordo em minha casa, suando e, lá fora, irônicamente chovendo.
Sentei na cama e apoiei minha cabeça nas mãos, como se a tivesse segurando de cair, pendente.
Minha costela doia, ou meu pulmão. Não sei ao certo, acho que era a lufada de ar a mais que havia respirado.
Então, após acordar deste pesadelo, levantei, sacudi a cabeça, arrumando meus cabelo que até faziam cocégas na nuca, macios.
E, curiosamente, brancos.
Não brancos de velho mas...Brancos! Albinos.
Eu tinha uma cor normal de pele, mas meus cabelos não tinham melanina alguma, era até engraçado. Um ser de 2,00 metros com cabelo liso e branco.
Então, após toda essa futilidade, fui até ao Bar.
Sim, eu moro em um Bar.
Na verdade é uma discoteca, mas só quando a alugam. Enquanto isso é meu Bar.
Gosto das coisas antigas, dos anos 60 e seus patins. Mas especialmente, amo minha bola de cristais. Dá um ar de "Wow" à coisa, saca?
São mais eu. Alegres, sempre dançando ao som da música e independente que cor bate no cristal, reflete em todos ao redor.
Nunca me vi irritado e/ou triste. É uma incapacidade minha, acho que é a incapacidade mais útil que tenho, na verdade. Ahah.
Sou um romântico perdido, ainda assim, tudo que é do sexo feminino e me atraia ou chame a atenção, minha personalidade é incapaz de deixar essa femininidade passar em branco. Ás vezes até acho que criei o bar só para me dar bem todos os dias. Ahah.
Mas ainda assim, tenho um respeito irrefutável pelo sexo oposto. Eu chego e digo quais minhas intenções, se ela se sentir à vontade, ai tomo minha parte. Sou um galante imaginário, foi o que me disseram. Só falta ser rico, ai sim, sou completamente imaginário. Ahah!
Sou imprudente e destemido, inteligente no que quero ser e totalmente maluco.
Doido varrido.
Sim, eu faço o que me der na telha. Faço nada mais nada menos do que isso, por mais estúpido e/ou impossivel que seja, faço.
E convivo comigo mesmo assim.
E sou assim, e ninguém alguma vez irá me mudar. Seja por amor ou ódio.
E assim deixo meu resumo.

PS: Se me vir na rua, onde estiver, sorri que eu sorrirei de volta. Amo sorrisos.
PS²:Se for do sexo oposto, bem, sabe meu nome. Ahahah!

Ass:
Dante.





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